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Janelas Quebradas

Jogar papel no chão, estacionar em local proibido, ocupar assento do idoso dentro do ônibus são pequenas falhas de comportamento e que atrapalham a gestão das cidades. O que muitos não sabem é que essas ações “pequenas” e individuais podem desencadear manifestações mais violentas, e em grupo, e a instalação de um ambiente hostil e permanente.

Essa avaliação veio de uma vivência em Nova York, realizada pela prefeitura nos anos 1980, batizada de “Janelas Quebradas”. O projeto avaliou a prática de violência da sociedade, via preservação de bens, tendo como exemplo dois carros estacionados em dois bairros com padrões distintos, um pobre e outro de classe A. Em ambos o bem foi danificado sendo que no bairro rico o fato só ocorreu quando uma das janelas do carro foi quebrada, de propósito, pela organização do projeto. O que se comprovou? Que não é o nível socioeconômico que faz o ambiente seguro e nem ações excessivas de segurança pública, mas, sim, o combate ao mau exemplo, a degradação, ao não cumprimento de regras e leis. O bairro de alto padrão preservou o bem até que alguém o depredasse.

Com esse resultado a política de segurança passou a exigir o fim de pequenos gestos negativos para não abrir espaço ao que degrada ao que rouba ou traz a desordem. Na prática, o resultado em NY foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade, inclusive no transporte público considerado ruim e com altos índices de violência. Percebeu-se que começando pelo pequeno – Ah, é só um papel no chão! – foi possível fazer do metrô, por exemplo, um lugar seguro.

O que me moveu a escrever sobre o projeto “Janelas Quebradas” foi mesmo a vontade de ver esse nível de consciência instalado entre nós. Danificar um abrigo com cartazes de propaganda do seu negócio não vai alavancar suas vendas, quebrar luminárias não vai fazer a rua mais segura. Quebrar ou danificar equipamento público tampouco… O mesmo para situações de parar em local proibido, bloquear passagem de cadeirante e usar a vaga de idoso dentro do ônibus.

São essas infrações que você acredita não ter efeito colateral que produzem as de efeitos desastrosos. Como presidente da CMTC eu quero muito cuidar dos espaços que recebem o usuário do transporte, tenho como meta qualificar esse atendimento para que o nosso serviço seja um reflexo positivo. O que chama a atenção nesse projeto foi inserir a preocupação com um serviço de base que é o transporte para milhões de pessoas, e a necessidade de se instalar o sentimento de preservação do ambiente para o bom andamento da engrenagem. Não permitir pequenas infrações (olha o papel no chão) cria novas posturas e uma organização. É assim que deve funcionar. Precisamos trabalhar para que a cidade tenha o apoio de quem mora nela.

Benjamin Kennedy Machado da Costa

Presidente da CMTC

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